O Dia da Consciência Negra é o momento em que lembramos a morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola assassinado enquanto defendia seu povo, em 20 de novembro de 1695. A data escolhida é importante para a conscientização da participação do negro na formação da cultura e da sociedade brasileira.
Apesar da importante contribuição do negro na construção da cultura e nos setores políticos, sociais, gastronômicos e religiosos do país, a abolição da escravatura está longe de ser um ponto final nos aspectos que envolvem descriminação racial e disparidade socioeconômica.
Quando a escravidão foi abolida em 1888, os antigos escravos não receberam qualquer ação de políticas públicas em seu favor. Sem acesso à educação, continuavam ocupando cargos menos favorecidos em uma sociedade que não estava interessada em criar mecanismos de inclusão. Desde que saíram das senzalas, os negros foram se aglomerando nas periferias e o acesso à informação, à qualificação profissional e à universidade demorou a chegar.
Uma pesquisa feita pelo IBGE em 2015 apontou que negros e pardos representavam 53,6% da população brasileira, mas estavam em uma minoria de espaços importantes, como em chefias e cargos de relevância social. A mesma pesquisa mostra que só 12% da população negra tinha formação superior e a diferença no nível de escolaridade se reflete economicamente.
Contudo, um fator que tem contribuído com a autoafirmação e com o ingresso dos negros no ensino superior são as cotas raciais, uma medida contra a desigualdade, tornada constitucional em 2012. Elas podem ser associadas à teoria do filósofo grego Aristóteles, que consiste em “tratar desigualmente os desiguais para se promover a efetiva igualdade”.
As cotas aumentaram efetivamente o acesso do negro à universidade. Muitos deixaram de compor as estatísticas de favelados analfabetos e passaram a disputar, ainda que deslealmente, os espaços originalmente ocupados pelos brancos. No entanto, falta muito para que haja igualdade entre os povos no Brasil.
Por: Tatiane Santos