Um grupo de membros da Associação dos Juízes Federais (Ajufe) pediram formalmente, na última segunda-feira (24/06) a exclusão do ex-juiz Sergio Moro da entidade. Os juízes federais que assinam o documento também querem que Moro seja punido caso fique comprovado que a Ajufe foi utilizada para fins políticos da Operação Lava Jato.
Conversas divulgadas pelo Intercept Brasil neste mês, Moro apareceu discutindo com Deltan Dallagnol a possibilidade de acionar a Ajufe para defender a Lava Jato de uma manifestação feita pelo PT. Um dia após esse vazamento vir à tona, a cúpula da Ajufe informou que pediu investigação sobre a interceptação ilegal que teria resultado no dossiê do Intercept.
No pedido, os signatários afirmam que as conversas se mostram “inadequadas” e que a instituição pode ter “sido utilizada para tentar influenciar a opinião pública ou mesmo defender o mérito de decisões judiciais”.
Ainda de acordo com os juízes, a “categoria de sócio benemérito”, na qual Moro foi enquadrado em 2018, “pressupõe que o homenageado tenha contribuído com serviços relevantes à Ajufe”. Mas “a confirmação da prática de tais condutas impede a homenagem ou o título honorífico”, “sob pena de comprometimento da credibilidade da associação e do próprio Poder Judiciário perante a sociedade”.
Os juízes defenderam ainda que as atividades associativas e participação de Moro na Lista Ajufe sejam suspensas a partir do momento em que a representação for recebida e caso as condutas de Moro expostas pelo Intercept sejam confirmadas, “são totalmente contrárias aos princípios éticos e às regras jurídicas que devem reger a atuação de um magistrado, pois quando um juiz atua de forma parcial, chegando ao ponto de confundir sua atuação com a do órgão acusador, a credibilidade do Poder Judiciário é posta em xeque”.